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quinta-feira, agosto 26, 2010

Brasileiros não confiam na polícia. Você confia?







Andrey Ricardo

De Fato

Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), de São Paulo, revelou que mais de 60% dos brasileiros não confiam na polícia e na justiça. Entre as dez instituições que foram pesquisadas, a polícia ficou em 6º e a justiça em 8º. A mais bem avaliada entre os brasileiros entrevistados são as Forças Armadas, onde 63% alegaram confiança. Em última colocação, vêm os partidos políticos, posição não muito confortável em um período de eleições pelo Brasil.

O estudo produzido através do o Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil), da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (Direito GV). A sondagem procurou saber como estava a popularidade de dez instituições diferentes, perguntando se os entrevistados confiavam ou não. Foram entrevistados 1.550 pessoas de sete Estados: Rio Grande do Sul, São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro – o RN não participa. Esses sete Estados representam cerca de 60% da população brasileira, segundo o Censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A pesquisa foi realizada durante os meses de abril, maio e junho desse ano e está sendo adotada como parâmetro para avaliar a situação dessas instituições em todo o Brasil, inclusive o RN, que não foi sondado nesse estudo.

Acima da polícia, estão Forças Armadas, em primeiro lugar (63%),

grandes empresas (54%),

Governo Federal (43%),

emissoras de TV (42%) e

imprensa escrita (41%).

Já na segunda metade da tabela, estão a polícia (38%),

Igreja Católica (34%),

Poder Judiciário (33%),

Congresso Nacional (28%) e

os partidos políticos (21%), tidos como menos confiáveis.

ESTRUTURA

Para o delegado regional de Mossoró, Renato Batista da Costa, os policiais não podem ser responsabilizados por um problema que se arrasta há vários anos no Brasil. Ele diz que a pesquisa reflete exatamente como a população vê os policiais, prejudicados pela falta de estrutura que se agrava ao longo dos anos. “Segurança pública nunca foi prioridade no país. Isso (a posição da polícia na pesquisa) reflete exatamente como a população vê essa falta de investimento na segurança pública”, avalia o delegado, ressaltando que é preciso haver maior atenção para modificar essa realidade.

Renato Batista lembra ainda que a própria estrutura da polícia influencia diretamente na maneira como ela é vista pela população. Com muitas deficiências, ele explica que é difícil prestar bons serviços e isso pode ter refletido no resultado dessa pesquisa. “Se observarmos os órgãos da polícia, não só aqui no Rio Grande do Norte, mas em todo Brasil, a maioria é mal-cuidada. Os aspectos físicos são precários. Então, essa falta de prioridade com a segurança, de uma maneira geral, prejudica. A gente não vê, nem em nível nacional, delegacias estruturadas”, destaca Renato.

Justiça é a instituição com menor confiança

Apesar da pesquisa feita pela FGV apontar a Justiça brasileira como uma das instituições com menor confiança, o estudo mostra que, mesmo assim, a maior parte dos entrevistados já procurou os serviços da justiça para resolver os seus problemas. Quase metade dos entrevistados (49%) pelo Índice de Confiança na Justiça (ICJBrasil) declarou que já entrou com algum processo ou ação na Justiça. A pesquisa ouviu 1.550 cidadãos em sete Estados (SP, MG, RJ, DF, PE, BA e RS), durante o segundo trimestre de 2010.

“É possível observar uma clara relação da utilização do Judiciário com a renda, a escolaridade e o local de residência da população”, explica Luciana Gross Cunha, professora da Direito GV e coordenadora do ICJBrasil. “Quanto maior a renda e a escolaridade, maior a utilização do Judiciário. Moradores dos centros urbanos também recorrem mais à Justiça, se comparados a quem habita nas cidades do interior”, acrescenta Gross.

Os dados do ICJBrasil apontam que 19% dos respondentes da pesquisa, que ganham até 2 salários mínimos, declararam ter entrado com algum processo na Justiça, contra 58% da população cuja renda ultrapassa 12 salários mínimos. Ou seja, a maior parte das pessoas que aciona a justiça é de classe média/alta.

Já em relação ao nível de escolaridade, entre os que não completaram o colegial, o percentual de quem respondeu que já utilizou o Judiciário chega a 43% contra 68% dos entrevistados que têm ainda concluíram o nível superior.

A reportagem procurou o Tribunal de Justiça (TJ) do Rio Grande do Norte na tarde de sexta-feira passada para que comentar o resultado dessa pesquisa, que representa a opinião de 60% da população brasileira, mas a assessoria de imprensa não conseguiu localizar um juiz para falar sobre o assunto. Entretanto, através da assessoria, o TJ declarou que vem realizando atividades para dar maior celeridade aos processos judiciais do Estado. O TJ do Rio Grande do Norte apresentou estatísticas de pesquisas recentes que o colocam entre os mais eficientes do Brasil no que diz respeito a rapidez nos processos.

Reformas têm caráter paliativo

As delegacias Distritais e Especializadas de Mossoró estão abrigadas em prédios antigos, que há muitos anos são submetidas àquelas reformas de caráter paliativo. Porém, um projeto encaminhado à Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social prevê a resolução desse antigo problema.

A intenção, de acordo com o delegado regional de Mossoró, Renato Batista da Costa, é criar uma Central de Polícia Civil para a cidade. O prédio iria abrigar as Especializadas em Furtos e Roubos, Narcóticos, Adolescente, Defraudações, além da DP de Plantão e das coordenadorias, que são a DP Regional e a Divisão de Polícia do Oeste (DIVIPOE).

Para Renato Batista, além de dar maior comodidade àqueles que procuram os serviços da Polícia Judiciária, a mudança servirá também para dar melhores condições de trabalho para os policiais.

“Hoje está havendo algumas mudanças pontuais, como na Polícia Federal, que tem recebido um investimento muito bom e, consequentemente, a PF têm melhorado em suas atividades”, explica Renato.

Renato Batista lembra que a falta de confiança dos brasileiros na polícia, o que na pesquisa inclui a Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, não pode recair sobre os policiais. Ele ressalta que “os policiais são apenas vítimas”.

“O mau serviço prestado não é culpa do policial. Na verdade, é a falta de vontade política. É preciso haver investimento em todas as questões da segurança. Está faltando vontade política, em nível nacional e regional para que se mude essa situação. Os policiais são vítimas dessa situação. Eles não gostam dessa situação”, complementa Renato.

O documento solicitando a criação de uma Central de Polícia Civil foi enviado à Sesed em abril desse ano. Até agora, não houve uma definição se esse pedido será atendido.

Por enquanto, as delegacias de Mossoró e região continuam funcionando em prédios antigos, muitos deles em péssimas condições estruturais. As delegacias Distritais e Especializadas de Mossoró estão abrigadas em prédios antigos, que há muitos anos são submetidas àquelas reformas de caráter paliativo.

CONFIANÇA


Apesar da pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas apontar a Justiça brasileira como uma das instituições com menor confiança, o estudo mostra que, mesmo assim, a maior parte dos entrevistados já procurou os serviços da justiça para resolver os seus problemas. Quase metade dos entrevistados (49%) pelo Índice de Confiança na Justiça declarou que já entrou com algum processo ou ação na Justiça. A pesquisa ouviu 1.550 cidadãos em sete Estados (SP, MG, RJ, DF, PE, BA e RS), durante o segundo trimestre de 2010.

“É possível observar uma clara relação da utilização do Judiciário com a renda, a escolaridade e o local de residência da população”, explica Luciana Gross Cunha, professora da Direito GV e coordenadora do ICJBrasil.

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