Fonte: Itnet
Na casa de apenas um cômodo, a aposentada, Adélia Marinho se ajeita como pode. Um salário mínimo é a única renda da aposentada de 68 anos, que nunca desistiu de lutar por uma herança, deixada pelo pai. "Só vivi isso, não tive infância, adolescência, tudo isso o Estado me roubou".
Dona Adélia diz que a família seria proprietária de uma área que reúne dois municípios do interior de Sergipe: Poço Redondo e Canindé de São Francisco. Terras foram compradas por cinco mil cruzeiros.
Durante o inventário, alguns documentos foram adulterados por cartórios da região. Sobrou uma certidão, que atesta a existência para a escritura dos terrenos. Foi por causa do documento, que a família conseguiu entrar na Justiça.
A disputa judicial começou há mais de 40 anos. De lá para cá muita coisa mudou na área onde antes só existiam terra, mato e uma propriedade e outra. Hoje, além das mais de 50 mil pessoas que vivem no local, até uma hidrelétrica foi instalada, a terceira maior do país: a hidrelétrica de Xingó.
"O Estado não concorda com essa dimensão do terreno mesmo porque são cerca de 195 mil hectares e em valores atuais seriam estimados em R$ 600 milhões", diz o procurador do Estado do Sergipe, Pedro Dias.
A Justiça já decidiu que Dona Adélia tem direito a R$ 400 mil por danos morais e não cabe recurso, mas o dinheiro ela não sabe quando vai receber, porque o valor foi convertido em precatório: um título do Estado reconhecendo a dívida, que pode levar anos para ser paga.
"Eu não quero isso tudo para mim não, quero um prêmio de consolação porque com o dinheiro, eu vou dividir com os meus filhos, arrumar a vida deles e comprar a minha casa", conclui.
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