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sábado, setembro 20, 2008

Gerente do Ibope fala sobre pesquisas eleitorais
Kerma Toscano abordou as formas de fazer pesquisa e como elas são elaboradas

15/09/2008 - 07:21

Kerma Toscano: gerente regional Ibope BahiaAs pesquisas eleitorais são constantemente utilizadas como indicadores para a elaboração de estratégias de campanha e para conhecer melhor os eleitores, bem como seus anseios e expectativas. Para esclarecer como são feitas as pesquisas eleitorais o Portal Infonet entrevistou Kerma Toscano, gerente regional do maior instituto de pesquisa da América Latina: o Ibope. No texto a gerente aponta detalhes das pesquisas e explica alguns aspectos que costumam causar dúvidas, a exemplo de como é calculada a margem de erro de uma pesquisa.
Portal Infonet - Como surgiu o Ibope?
Kerma Toscano- O Grupo Ibope surgiu em 1942 com o empresário Auricélio Penteado, dono de uma rádio em São Paulo. Ansioso para saber como estavam os índices de audiência de sua emissora, o empresário viajou para os Estados Unidos para conhecer técnicas de pesquisa. Quando retornou, viu que esse era um mercado ainda pouco explorado no país e resolveu investir no ramo.
Infonet- Quais são os setores em que o Ibope atua?
KT- O Ibope atua com informações e pesquisa, auxiliando os seus clientes a tomar decisões de forma mais segura e com o menor risco possível. De uma forma geral, atuamos com duas vertentes: a pesquisa de mídia-voltada para os meios de comunicação e para o mercado publicitário, detectando audiências e com o Ibope Inteligência, que faz a maioria das pesquisas ad-hoc, ou seja, sob encomenda.
Infonet- Como são feitas as pesquisas?
KT- Temos diversas formas de fazer pesquisas, com várias metodologias diferentes. O que determina a que será utilizada será o objeto de análise e o tipo de estudo. Iniciamos com a seleção da amostragem, depois passamos para a coleta e análise dos dados, que pode ser eletrônica ou manual. Na maioria é utilizado um questionário no palm-top, onde são inseridos os dados, que depois são passados para o computador e tabulados. Também temos entrevistas feitas por telefone que funcionam da mesma forma: o entrevistador faz a pergunta e automaticamente passa as respostas para o palm-top. Uma outra forma são os painéis, que não exigem a presença do pesquisador. Essa forma de fazer pesquisa é utilizada principalmente para a televisão e internet. Inserimos o painel na televisão e ele irá registrar os gostos e interesses dos telespectadores, assim como quanto tempo assistem televisão e etc. Nesse caso, selecionamos um grupo de domicílios que passa a colaborar com a pesquisa. Na internet o painel não é um aparelho, mas sim um programa. No caso especifico das pesquisas políticas é feito por uma amostra de eleitores. É escolhida uma amostra representativa, selecionada de acordo com critérios estatísticos baseada em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos Tribunais Regionais Eleitorais (TRE`s) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o universo a ser analisado dentro da realidade. As entrevistas são feitas de modo geral nos domicílios, escolhendo grupos específicos , que tenham um determinado perfil. Também temos a pesquisa de boca de urna, que é aquela feita no dia da votação e nas seções com quem já votou.

Infonet- Como é definida a quantidade de pessoas que serão entrevistadas para uma determinada pesquisa?
KT- O tamanho da amostra não é o mais importante, mas sim a representatividade dela. No caso da pesquisa eleitoral, primeiro consultamos os dados sobre os domicílios eleitorais e depois nos preocupamos em selecionar uma amostra que seja representativa dessa composição eleitoral. A escolha é feita com base na estatística e na probabilidade.
Infonet- Como é calculada a margem de erros das pesquisas?
KT- Como trabalhamos com estatística e não com números absolutos, existe uma margem de erro que depende do tamanho da amostra e dos resultados encontrados. Quanto maior a homogeneidade da amostra, menor a margem de erro. No caso das pesquisas eleitorais essa margem varia bastante em função da distribuição geográfica do eleitorado de cada um deles. Resumindo, a margem de erro depende da mostra e da quantidade de variáveis utilizadas.
Infonet- Quanto tempo leva para fazer uma pesquisa?
KT- No caso da pesquisa de mídia o tempo é bastante relativo. Aqui em Aracaju já fizemos uma para rádio que demorou oito dias e para televisão sete dias. Já as pesquisas eleitorais devem ser rápidas, pois geralmente são feitas em plena campanha política. De uma forma geral, demoram de dois a quatro dias.

Infonet- As metodologias utilizadas são desenvolvidas por vocês ou são padronizadas mundialmente?
KT- Existem várias empresas no mundo que fazem pesquisa e elas se unem e discutem as melhores formas, trocam experiências, discutem metodologias e processos. Mas nós também temos as nossas próprias tecnologias. O Ibope é o maior instituto de pesquisa da América Latina. Nós medimos televisão na América Latina inteira com os nossos aparelhos, que são desenvolvidos pela nossa equipe.
Infonet- Quanto, em média, custa uma pesquisa?
KT- No caso da pesquisa de mídia varia muito, pois inúmeras variáveis definem um custo. Nós calculamos o preço de acordo com o que atende melhor o cliente e do que ele quer saber. Nas pesquisas eleitorais as variáveis geralmente são: a amostragem utilizada, o tamanho do questionário e a análise dos resultados. No caso de uma pesquisa nacional, com uma amostra de 2 mil pessoas e um questionário com umas 20 perguntas, pode custa até R$ 85 mil.Por Letícia Telles

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