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domingo, junho 22, 2008

ENTREVISTA - ROBERTO RECH
REVISTA DEFATO



Com inúmeras denuncias referentes as campanhas eleitorais, como o mercado de assessores e publicitários reagirá neste ano eleitoral? O mercado profissionais ligados as campanhas eleitorais continuam num crescente. Estas denúncias serviram para acabar com o “papado” de Duda Mendonça que até então se apresentava como um dos únicos profissionais do marketing a garantir o sucesso eleitoral de determinados candidatos. Com esta crise ( e que crise), aparecerão inúmeros nomes no campo de marketing que mostrarão que é possível realizar (e vencer), uma campanha política seguindo os preceitos éticos e morais sem que seja necessário vender a alma do candidato.

1)Quais os segredos para fazer uma boa campanha eleitoral? O sucesso de campanha eleitoral depende exclusivamente do candidato. Vai da capacidade de relacionar-se (criar conexões) passando pelo preparo (informação e comunicação) a capacidade de contagiar o eleitor. Costumo dizer que eleição é contágio. Eu tenho sugerido aos candidatos que assessoro que se portem como um candidato holístico. A campanha é feita de forma holística. O holismo é o resgate da dimensão ética no sentido mais profundo. Consiste num compromisso com a humanidade, com a preservação do meio ambiente e com o estabelecimento de uma relação revolucionária entre homens, animais e plantas. Todos elementos fazem parte de um grande corpo. O consciente coletivo responde muito bem as propostas de um candidato holístico.
2)Pergunta OPCIONAL Mas, o que vem a ser holístico? Pois bem, holístico vem do grego e significa, grosso modo, o todo; completo. A nova abordagem holística vem penetrando, inexoravelmente, em todos os ramos do conhecimento humano, sendo este o momento oportuno de introduzi-la na política, pois o problema da "falta de políticos", é decorrente da educação dos seus operadores; que, na sua maioria, exercem suas funções limitadas por paradigmas ultrapassados, muitas vezes de forma individualista, materialista e burocrática.
3) Pergunta opcionalComo ser um candidato Holístico?O candidato holístico é aquele que traz uma proposta de atuação integral. Que criar conexões entre a suas proposta e as necessidade do eleitor. Que faz o eleitor sentir-se responsável pela sua situação que é preciso existir a soma de esforços, a união de todos (porém com uma coordenação) para que as seus a necessidades seja atendidas. Este “coordenador” é o candidato. Um candidato holístico precisa passar confiança. As pessoas precisam acreditar nele. Não basta ser honesto. As pessoas precisam ter certeza disso. Só um candidato com uma visão holística será capaz de promover, depois de eleito, uma consciência voltada a fraternidade, a cooperação, a credibilidade, fatores que levam o ser humano a um novo nível evolutivo.

4)Como nasceu o banco de 500 idéias? O banco de Idéias nasceu para servir de subsídios aos candidatos eleitos. Inicialmente eram cerca de dez idéias. Novas propostas foram sendo incorporadas ao Banco chegando a mais de quinhentas. São projetos de lei, a maioria de grande repercussão junto a sociedade e prontos para serem apresentados por vereadores, deputados, senadores, prefeitos e governadores. Costumo dizer que um político é lembrado por suas ações. Uma ação, bem feita, pode significa a reeleição, mídia, espaço e crescimento político.
6)De que forma as pesquisas influenciam uma campanha para a presidência da republica?
As pesquisas eleitorais, que hoje se incorporaram ao calendário e à rotina das eleições no país voltaram a gerar polêmica quanto no reinicio da democracia brasileira. Na maioria dos casos, as pesquisas eleitorais influenciam os eleitores e induzem ao voto útil. Ninguém gosta de apostar em cavalo perdedor. Sabemos que o eleitor vota por três razões: identificação, oposição e interesse. Somente aquele eleitor que vota na oposição não se deixa influenciar pela pesquisa que, eventualmente, aponta como vencedor o candidato da situação, por exemplo. No entanto, rejeito a tese de que as pesquisas são intencionalmente manipuladas para provocar resultados eleitorais a favor de determinados candidatos ou tendências políticas. As ultimas pesquisas reveladas em relação a corrida presidencial tem agitado a oposição, principalmente, o PSDB. O fato do presidente LULA liderar as preferências de voto tem tirado o sono dos demais partidos de oposição. Eles temem que o eleitor decida antecipadamente o voto a favor de Lula pelo fato das pesquisas apontarem, por várias vezes, esta possibilidade.
7) Explique o trabalho de um assessor em uma campanha eleitoral? O trabalho de um assessor é dar sentido visual e auditivo da campanha permitindo ao eleitor uma associação rápida com o candidato. Também é papel do assessor propor idéias, pesquisas, elaborar o plano metas e a projetar a imagem de um candidato que seja capaz entusiasmar e convencer os eleitores e a população em geral. A construção de uma imagem positiva através das mais diversas ferramentas da comunicação política é que permite publicizar e propagar as idéias e o estilo seu estilo diferenciado do candidato.

8)Como a oratória ajuda um candidato a vencer uma eleição?
Desde que ingressei no Marketing Político, há vinte anos, não lembro de um candidato mudo ter sido eleito. A palavra é muito importante para a construção do imagem do candidato. No entanto, não considero a oratória como exigência básica para que um candidato seja vitorioso. Prefiro que ele comunique bem. O saudoso chacrinha já dizia: “Quem não comunica se trumbica”. Estudos da PNL nos indicam que, em média, 33% dos eleitores são visuais, 33% são auditivos e 33% são cinestésicos. Diante deste estudo prefiro instruir o candidato para que comunique de forma a atingir 100% dos eleitores. A comunicação começa na forma do candidato se vestir, o material utilizado, como as cores, o que ele fala, sua expressão corporal e até o cheiro e a forma com que abraça o aperta a mão do eleitor passa a ser fundamental.
9)Os slogans ainda funcionam?
O slogan pode facilitar, e muito, a lembrança do candidato contribuindode maneira significativa para o sucesso eleitoral. Um dos slogans mais conhecidos no cenário político nacional foi utilizado por Juscelino Kubitschek: 50 anos em 5. Sabe-se apenas que ele sintetiza toda a idéia do Programa de Metas do Juscelino. O eslogan produz um efeito maior dependendo do quadro eleitoral. No Rio Grande do Sul o discurso do candidato Germano Rigotto manteve a unidade com seu slogan: “Paixão pelo Rio Grande”. O conteúdo de sua mensagem não era a disputa eleitoral, verbal ou ideológica. E, sim, a união, a inclusão. Enquanto Antônio Brito e Tarso Genro brigavam no campos das idéias, Rigotto saltava de 3% das intenções de voto para a vitória eleitoral. O gaúcho estava farto das brigas entre os candidatos Britto e Tarso, preferindo eleger a paz, a paixão.

10) Como as possíveis mudanças nas regras de campanha podem influenciar no voto do cidadão? (exclusão de shows, camisetas e outros instrumentos de campanha.
Caso se confirme a mudança na legislação as campanhas terão que sofrer adaptações. O eleitor foi acostumado a receber brindes. Muitos deles votam em função de um boné, uma régua, uma caneta. São aqueles que votam por interesse. Devo admitir que com a exclusão de shows, camisetas e outros instrumentos de campanha, o contágio eleitoral tão importante em uma campanha será dificultado. Quem sabe surja uma nova forma de fazer campanha política. A campanha pela TV ganha eleição?Eleições majoritárias passam pela TV. Cito como exemplo a campanha de Collor de Melo em 1989. Collor soube como nenhum outro candidato usar na TV, sua aparência, mostrando-se uma pessoa, heróica, jovem, corajosa, desportista e com idéias novas que modificariam o Brasil. O horário eleitoral é com toda certeza uma das duas ou três fontes de informação política mais importantes para a população. Além dessa função informativa, o HGPE é também fundamental para a decisão do voto. As pesquisas mostram que parcelas significativas do eleitorado escolhem os seus candidatos pela propaganda gratuita.
11)O debate é decisivo?
Participar ou não de um debate é tão importante como o ato de respirar. Dependendo da situação o candidato deve decidir com a assessoria sobre as vantagens de debater com determinado adversário. Volto a utilizar Collor de Melo como exemplo. Durante o primeiro turno, Collor recusou-se a participar dos debates, evitando desgastar-se desnecessariamente, na medida em que se converteu no alvo do ataque de todos os adversários, tendo em vista sua liderança firme nas preferências eleitorais. A mesma tática de fuga ao debate havia sido utilizada com sucesso por Jânio Quadros, na eleição recente em que disputara a prefeitura de São Paulo e saíra vitorioso. Isso valeu a Collor a pecha de candidato biônico, que não tinha capacidade de argumentar ao vivo com os seus contendores. Mas a decisão da eleição foi decorrente do segundo debate na televisão. Collor demonstrou maior capacidade de convencimento, argumentando com segurança e pertinência, conduzindo Lula a uma posição defensiva, o que deixou a impressão de um candidato imaturo, sem porte de estadista. Collor ganhou a eleição.
Jornalista e escritor. Ministra Palestras e cursos de Marketing Político e Eleitoral no Brasil. Diretor da Editora Imprensa Livre. Diretor do site www.assessoriapolitica.com. Fundador e coordenador da Universidade de Líderes Juventude Sem Fronteiras. Participou direta e indiretamente da campanha eleitoral de mais de 1.200 candidatos a deputado, prefeito e vereador. Idealizador do BANCO DE IDÉIAS. É Consultor credenciado da ABCOP - Associação Brasileira dos Consultores Políticos. Autor de 24 livros entre eles: Liderança Sem Fronteiras, Manual do Candidato Vencedor, Como Vencer nas Eleições Municipais, Seja Diferente e Conquiste a Vitória nas Eleições Municipais e Seja um político Nota 10.

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