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segunda-feira, agosto 23, 2010

Floro exigiu, em 2003, que magistrada libertasse dois pistoleiros. “Se não soltar, mato um dos seus filhos e entrego a cabeça na bandeja”

Floro Calheiros Barbosa, também conhecido como Ricardo Alagoano, tem uma vida ligada à pistolagem muito conhecida, principalmente em Sergipe e na Bahia.

Preso duas vezes, por duas vezes fugiu, as duas vezes em Sergipe.

Não há ninguém punido!

Principal suspeito de ter encomendado a morte do presidente Regional Eleitoral, desembargador Luiz Mendonça, Floro liderou o grupo que roubo urnas do Fórum de Canindé do São Francisco. Durante a ação desenvolvida na sede do Judiciário no município, pelo menos um dos marginais urinou na gaveta do magistrado. Floro estava no local.

Em sua tajetória contra autoridades do Judiciário sergipano, segundo relatou "Alemão", um de seus mais conhecidos pistoleiros, Floro telefonou para uma magistrada sergipana, e exigiu que ela mandasse libertar dois pistoleiros. Para não deixar dúvida sobre extrema ousadia, Floro deu o seguinte recado à magistrada: “se não soltar, mato um dos seus filhos e entrego a cabeça na bandeja”. Depois de meia hora os dois pistoleiros foram soltos.

TRAJETÓRIA DE CRIMES

São muitos os crimes atribuídos a Floro Calheiros.

No dia 21 de janeiro de 2008, o site baiano Radar 64 publicou matéria, que começou com o relato de sua segunda prisão:

Floro Calheiros, o "Ricardo Alagoano", acusado da morte do ex-deputado Mauricio Cotrim e também de outros homicidios na Bahia, foi preso no final da manhã deste sábado (19), numa de suas propriedades em Gurupi, cidade localizada no sul do Estado de Tocantins, conforme já noticiou o Radar64.

Floro era conhecido na cidade como ‘Doutor Gonçalves e já vinha se consolidado na região de Gurupi como fazendeiro influente no ramo de criação de gado. Os policiais encaminharam Floro Calheiros, inicialmente, para a sede da Polícia Federal em Palmas, onde foi transferido em seguida para Aracaju.

A “caçada” para prisão de Ricardo Alagoano se intensificou após o delegado-chefe da Polícia Civil no Estado da Bahia, João Barbosa Laranjeira ter designado, em 09/11/2007, o delegado André Luiz Serra, para presidir o inquérito policial para investigar o homicídio do ex-deputado estadual Maurício Cotrim Guimarães, 59 anos, assassinado com 5 tiros de arma de fogo, quando o mesmo fazia uma caminhada no final da tarde do dia 14/09/2007, no centro de Itamaraju, cidade localizada no extremo sul do estado.

Após algumas investigações na noite do dia 13/11/2007, foi preso em casa, na cidade de Eunapolis, pela equipe do delegado André Luiz Serra, o pistoleiro Antônio Medeiros, o “Alemão”, 48 anos, que ao prestar depoimento ao delegado confessou sua participação no assassinato de Mauricio Cotrim em companhia de outro pistoleiro conhecido por “Roque”, a mando de Floro Calheiros Barbosa, o “Ricardo Alagoano”.

“Alemão” ainda confessou que assassinou outras pessoas na Bahia a mando de "Ricardo Alagoano", dentre elas: uma mulher e um traficante conhecido por “Toninho”, em Teixeira de Freitas, cinco pessoas de uma mesma família, em Corumbau, no município de Prado, o empresário Djair Eloy, sócio-gerente do grupo “Paratodos”, em Eunápolis, e José Carlos da Silva Moraes, 51 anos, gerente da casa de shows Axé Moi, em Porto Seguro, além de algumas pessoas no estado de Sergipe e Rondônia, todos estes a mando de “Ricardo Alagoano”. "Alemão" confessou também que assassinou o próprio irmão em Almenara/MG.

O pistoleiro “Alemão” ainda disse que o seu parceiro “Roque” foi quem atentou contra a vida do ex-prefeito de Mucuri, Roberto Carlos Figueiredo Costa, “Robertinho”, na noite do dia 23 de abril de 2004, quando o ex-prefeito teve o seu carro alvejado com 12 tiros quando saia de sua casa em Mucurí em companhia de familiares e um amigo. Na ocasião, Robertinho, a babá da sua filha e um amigo, saíram feridos à bala.

Depois de ser preso em Eunapolis "Alemão" foi encaminhado para Polinter, em Salvador, e posteriormente ao Complexo de Operações Policiais Especiais de Aracaju, em Sergipe, para prestar depoimento sobre a participação em assassinatos naquele Estado.

Em Sergipe o “Alemão”, contou, com riqueza de detalhes, perante a juíza Iolanda Guimarães, da 5ª Vara Criminal, e ao promotor de Justiça Augusto César de Resende Leite, alguns assassinatos praticados em Sergipe, a mando de Ricardo Alagoano.

“Alemão” confirmou tudo sobre o crime do ex-deputado estadual de Sergipe Joaldo Barbosa, ocorrido em janeiro de 2003, na residencia do parlamentar, a mando de "Ricardo Alagoano". Confirmou a participação de todos que já foram condenados como executores do crime e disse que a morte de Joaldo se deu por questões políticas e a um empréstimo que não foi pago.

O pistoleiro Alemão também contou que Floro Calheiros assassinou um dos seus seguranças, chamado Josualdo, no quarto de um hotel em Aracaju, onde se encontrava com a namorada. Segundo ele, Josualdo era ligado ao ex-prefeito de Canindé do São Francisco, Genivaldo Galindo e teria perdido a confiança de Floro. A morte fora queima de arquivo.

Segundo ainda Alemão, em seu depoimento, Floro Calheiros mata todos os seus homens de confiança, após trabalhar com ele alguns meses ou anos, “como queima de arquivo”. O motorista Alexandro, que se encontra preso, confirmou esse seu estilo. Alemão disse até onde ele joga os cadáveres: em uma cisterna, numa propriedade que possuía em Teixeira de Freitas.

Alemão também falou sobre a fuga de Floro Calheiros da 3ª Delegacia em Aracaju. Disse que quando ele foi preso, um dos seus “laranjas”, conhecido por Moisés, que residia em Teixeira de Freitas, extremo sul da Bahia, queria vir resgatá-lo, mas não foi necessário. “Ricardo Alagoano” deixou a cadeia três meses depois, pela porta da frente da delegacia e foi levado pelo motorista de nome Silvano, confirmando que ele pagou R$ 300 mil pela fuga, parte dessa quantia em notas falsas.

Após a fuga em 2003, conta “Alemão”, Ricardo Alagoano fez graves ameaças a uma juíza da capital para que ela soltasse dois pistoleiros seus que estavam presos na ocasião para que um dos filhos da magistrada não morresse. De onde estava, “Ricardo Alagoano” ligou para a esposa – Paulina – e pediu que ela ligasse para a magistrada, para exigir que “ela soltasse os matadores”. E, segundo “Alemão”, “Ricardo Alagoano” teria feito a ameaça: “se não soltar, mato um dos seus filhos e entrego a cabeça na bandeja”. Depois de meia hora os dois pistoleiros foram soltos.

Leia mais em Radar64

ALEMÃO FOI ASSASSINADO

Em 2009, "Alemão" foi assassinado, a mando de Floro.

Sobre o assassinato, Radar64 publicou a seguinte matéria no final da noite de 1º de fevereiro de 2009:

O paraibano Antonio Medeiros, 50 anos, foi assassinado neste domingo (1º), com um tiro na nuca, na cidade de Eunápolis. O crime aconteceu por volta das 22:00 horas, na Praça dos Trabalhadores, no bairro Moisés Reis.

’Alemão’ morto com tiro na nuca
(Foto: Hugo Santos)
’Alemão’, como era mais conhecido, foi destaque na imprensa baiana porque foi preso sob a acusação de ser pistoleiro e ter assassinado o ex-deputado e empresário Maurício Cotrim Guimarães, em setembro de 2007, na cidade Itamaraju.

Medeiros morava em Eunápolis, em frente à praça onde morreu e segundo apurou a Polícia Militar, ele se deslocou alguns metros até um telefone público e quando fazia uma ligação para a sua mulher, que está viajando, foi executado a queima roupa.

O delegado Marivaldo Felipe, que fez o levantamento cadavérico, diz que pelas informações colhidas até o momento a morte de ’Alemão’, a princípio, não tem perfil de ter sido a mando de alguém.

Marivaldo já ouviu uma testemunha, que afirmou que ’Alemão’, que estava bêbado, teve um desentendimento, horas antes, com uma pessoa ainda não identificada, em uma lan house e que teria prometido matá-la.

’A pessoa ameaçada foi alertada que Antonio Medeiros era perigoso e deve ter resolvido matá-lo primeiro, até porque logo após a discussão, em vez de ir pra casa, ele ficou com o caminhão rodando na praça, intimidando o desafeto’, acrescenta.

Para o delegado, o pistoleiro que vem para matar normalmente dá mais de um tiro, para a vítima não ter chance de sobreviver.

Filho diz que foi queima de arquivo
(Foto: Hugo Santos)
O filho de ’Alemão’, Leandro Medeiros, 35, afirmou no local do crime, ao portal RADAR64, que foi queima de arquivo ou vingança, já que ’Alemão’ era acusado de uma série de crimes, mas que sempre foi inocente.

’Alemão’, que ficou sete meses preso, parte deles na sede da Polícia Civil, em Salvador, chegou a confessar que a morte de Cotrim foi encomendada por Floro Calheiros, o Ricardo Alagoano, com quem o ex-deputado teria contraído uma dívida de campanha política. Floro fugiu da prisão em dezembro passado, de forma espetacular.

Na ocasião, ele também admitiu participação nas mortes do bicheiro Djair Eloy, em Eunápolis, e do gerente do Axé Moi, José Carlos da Silva Moraes, em Porto Seguro, mas não apontou os mandantes.

Após ser solto por falta de provas, em junho do ano passado, ‘Alemão’ garantiu que confessou os crimes porque sofreu torturas na prisão e prometeu entrar com processo contra o Estado da Bahia, pedindo indenização, já que sua imagem ficou comprometida e não conseguiria mais arranjar emprego.

’Alemão’ foi libertado depois de a polícia concluir que foram três irmãos ciganos que contrataram pistoleiros para realizar o crime.

ESTÁCIO GOMES - Coincidendencia ou não, em 18 de novembro do ano passado, o empresário Estácio Silva Gomes, 53 anos, foi morto em companhia de seu filho, o estudante de Direito João Paulo Gomes Silva, 26, no centro de Teixeira de Freitas.

Estácio foi o principal informante da Polícia Civil nas investigações que resultaram na prisão dos primeiros suspeitos de terem matado o ex-deputado estadual Mauricio Cotrim.

Leia mais em Radar64 e no Twitter de Gilmar Carvalho

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